Crise no Mali e a Questão dos Direitos Humanos
A situação no Mali Apesar de ter passado por um período de estabilidade social e política durante cerca de dez anos, a situação na República do Mali hoje se encontra em uma situação de extrema instabilidade. O golpe de Estado de março de 2012 levou o que havia sido construído por meio das eleições democráticas e pacíficas de 1992 e trouxe insegurança e volatilidade. Grupos armados controlam três regiões chaves do país e movimentos e manifestações (nem sempre pacíficos) são uma constante (ONU, 2013). Além da insegurança em si, o Mali hoje passa por crises em setores-chave para seu desenvolvimento, sendo o 175º país com o menor IDH (de 187) avaliado pelo PNUD. Quase 70% da população está abaixo da linha da probreza e a maioria dos malineses depende da subsistência rural, estando sujeitos a clima instável, desastres naturais, flutuações de preço das matérias primas e outros problemas – fazendo com que a segurança alimentar e a saúde sejam questões de grande dificuldade para o país. Segundo a ONU, as crianças são as mais afetadas pela desnutrição (ONU, 2013).
Mali e direitos humanos
Rossana Rocha Reis, em seu artigo Os Direitos Humanos e a Política Internacional (2006), realiza uma análise (dentre outras) da crescente valorização dos direitos humanos em meio à comunidade internacional – evento que ela diz poder ser explicado por meio de duas óticas. A primeira delas, ancorada na percepção de Hedley Bull, se refere à teoria de que a afirmação internacional dos direitos humanos possuiria o papel e a capacidade de “subverter a lógica de competição entre os Estados (REIS, 2006, p. 34)”.
A segunda consiste em uma perspectiva de cunho realista presente nos trechos de Carr e Morgenthau, segundo os quais “quando um ator fala em nome de interesses universais, quase sempre está apenas buscando legitimidade para a defesa de seus interesses particulares (REIS, 2006, p. 34)”. Para essa perspectiva, as políticas de