Crise mundial
Atual crise econômica é chamada de "crise financeira mundial". Mas, será justificado o termo "mundial"? Ou será que esse termo revela um viés do mundo rico ao encarar as estatísticas econômicas mundiais? Uma abordagem futura melhor seria focar como são afetadas as rendas das pessoas em todo o mundo inteiro, e não só no Ocidente.
Consideremos como os quatro anos desde o início da "crise mundial" são vistos pelo mundo não ocidental: na África Subsaariana, a taxa de crescimento real média per capita foi 1,5% ao ano. Na América Latina, quase tão alta e na Ásia, 3%.
Esses números apontam para uma conclusão intrigante. O uso de uma taxa de crescimento centrada em pessoas dá uma idéia mais precisa de como o crescimento econômico (ou a falta dele) afeta, efetivamente, as pessoas em todo o mundo.
As taxas de crescimento citadas acima são mais do que respeitáveis. Eles são notáveis. Sim, em grande parte do mundo desenvolvido, na Europa, na América do Norte e na Rússia, o crescimento empacou - e em muitos países (mas não em todos os anos), as taxas de crescimento do PIB ficaram negativas. A produção mundial diminuiu 2% em 2009, mas recuperou-se em 2,7% em 2010 e estima-se que tenha subido pelo menos em igual medida em 2011. Será que esses números sugerem uma crise "mundial"?
A recuperação da economia mundial foi atenuada, nos últimos dois anos, porque a crise afetou a parte mais rica do mundo. A parte mais rica, por definição, produz mais bens e serviços do que as outras partes. Se sua produção cai ou permanece estagnada, isso tende a arrastar o PIB mundial para baixo Entre 2007 e 2011, o PIB per capita cresceu 43% na China, 30% na Índia, 14% no Brasil e 7% na Indonésia. Nesses quatro países vivem quase 3 bilhões de pessoas, ou cerca de 43% da população mundial. Assim, não é de estranhar que para o mundo como um todo a taxa média de crescimento per capita "das pessoas" durante a "crise" de 2007 a 2011 tenha ficado em torno de