Crise financeira
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A crise financeira de 2008
A Associação Keynesiana Brasileira publicou em seu site um dossiê da Crise. Nele, procura-se entender a origem, natureza e conseqüências da crise financeira mundial, e, ainda o seu impacto sobre a economia brasileira, a partir de uma perspectiva keynesiana. Publicamos abaixo alguns dos artigos do referido dossiê (a relação completa dos artigos pode ser encontrada no sítio da Associação: http://www.ppge.ufrgs.br/akb).
crise e recuperação da confiança luiz carlos Bresser-Pereira1
A crise financeira que assola o mundo é grave. Nada lhe é comparável desde 1929. É uma profunda crise de confiança decorrente de uma cadeia de empréstimos originalmente imobiliários baseados em devedores insolventes que, ao levar os agentes econômicos a preferirem a liquidez e assim liquidar seus créditos, está levando bancos e outras empresas financeiras à situação de quebra mesmo que elas próprias estejam solventes. Entretanto, dada a reação pronta e geralmente competente dos governos de todos os países, que compreenderam a gravidade do problema e pouco hesitaram antes de tomar medidas para aumentar a solvência e garantir a liquidez dos mercados, não há razão para pessimismo. Estou seguro que em breve a razão voltará aos mercados, as bolsas recuperarão parte de suas perdas, as taxas cambiais voltarão a se estabilizar, e a recessão – inevitável – não terá nada de parecido com a crise de 1929. Há uma série de fatos que hoje estão claros a respeito desta crise financeira. Primeiro, sabemos que é uma crise bancária que ocorre no centro do capitalismo, não é uma crise de balanço de pagamentos – comuns entre os países em desenvolvimento que tentavam até os anos 1990 crescer com poupança externa, ou seja, com déficit em conta corrente e endividamento externo. Os grandes déficits em conta corrente que marcaram a economia norte-americana nesta década, combinados