Crise da Razão
Essa hierarquia, que por vezes se mostra pertinente para reflexões de natureza epistemológica, será útil nesse ensaio para abordar a estrutura psíquica e ética do sujeito.
A partir do século 19, mais especificamente com Nietzsche, observa-se uma reviravolta na estrutura acima descrita. Agora, no topo de tudo, os sentidos, o corpo, primeiro na formulação moral e na hierarquia dos valores, segundo Nietzsche, que afirma que sem o corpo não há alma nem razão. A moral é, para ele, afirmadora da vida, do corpo e dos instintos, tidos como a "felicidade do corpo". corpo e instintos que eram tidos como incapazes de determinar valores morais positivos na ética tradicional, eram associados ao mundano, ao diabólico e considerados princípio de todo mal. Abaixo dos sentidos e por eles determinados, a vontade, que em Schopenhauer chega a identificar-se, contra Kant e Hegel, com a coisa em si que se apresenta de modo irracional. Em Nietzsche, a vontade de poder determina a moral, subordinando-lhe a razão e todos os valores absolutos e universais. A razão abalada, eclipsada, em plena crise, abaixo da vontade e dos sentidos, está também na subtração existencialista de atribuição de