Crise agrária
José Sidnei Gonçalves 1 - AGRONEGÓCIO COMPETITIVO E IMENSA EXCLUSÃO SOCIAL: os argumentos dos extremos estão certos 1 A mídia nacional, nos últimos meses, vem sendo assaltada pelas notícias da violência no campo e pelos confrontos retóricos entre forças antagônicas como a União Democrática Ruralista (UDR) e outras facções de proprietários de terra e pelo Movimento dos Sem Terra (MST) e outros movimentos sociais de luta pela reforma agrária. Afora as demonstrações de extremismo que beiram (e o que é pior chegam às vias de fato) o conflito armado, a sociedade civil vê-se bombardeada por argumentos que mais confundem que esclarecem a realidade. Esse debate sobre os vários episódios envolvendo o recrudescimento da crise agrária neste limiar do novo milênio, na verdade, traz à tona uma questão que se perpetua há mais de 500 anos pela opção do desenvolvimento sem rupturas estruturais nas pseudomorfoses da economia brasileira, que foi industrializada mas continua presa à economia agrária, pois, na verdade, sofreu um processo de agroindustrialização. Dados os extremismos envolvidos no debate, tem-se focado duas constatações empíricas que são aparências inegáveis, quais sejam: 1) o absoluto sucesso do desenvolvimento dos agronegócios no Brasil formando uma das agriculturas mais evoluídas e competitivas do mundo, tanto assim que nações desenvolvidas erguem barreiras protecionistas para impedir a conquista de seus mercados pelos produtos brasileiros dos agronegócios. Esses produtos nacionais têm elevado grau de inovações tecnológicas embutidas, sendo superiores em qualidade e produtividade; 2) a absoluta insustentabilidade do atual grau de desigualdade social, econômica e de renda que vigora na sociedade brasileira que abriu uma “vossoroca” que, não apenas se alarga em dimensão e aprofunda-se em amplitude,
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Engenheiro Agrônomo, Doutor, Pesquisador Científico do Instituto de