CRISE 29
No Brasil, a queda nas exportações de café caiu mais da metade entre 1929 e 1932. O preço do produto despencou um terço em 1931. A entrada de capital estrangeiro cessou quase por completo em 1932, informa Werner Baer, que acrescenta que o Brasil foi o primeiro país latino-americano a introduzir o controle do câmbio e outras medidas diretas da mesma natureza, combinados com a desvalorização da moeda, reduzindo as importações em cerca de dois terços. Muito café, porém, foi queimado.
O valor da produção destruída era muito inferior ao montante da renda criada, informa Celso Furtado. Essa providência antecipa as recomendações de Keynes, ou seja, a construção de pirâmides para sustentar o emprego, a renda e o consumo. No caso brasileiro permitiu manter a produção e o emprego de cerca de 200.000 trabalhadores. A produção prosseguiu, graças aos subsídios à agricultura, patrocinado pelo Conselho Nacional do Café, conhecidos como “socialização dos prejuízos”.
Um tanto paradoxalmente, a queda nas importações de produtos industrializados favoreceu a indústria nacional: foi a nossa segunda substituição de importações, lembrando que a primeira ocorreu durante a conflagração de 1914-1918. Parte da divida brasileira foi suspensa: a crise da dívida dos anos 1930, que se estendeu célere e feroz aos países subdesenvolvidos, ofereceu aspectos semelhantes às mais recentes crises ocorridas durante o predomínio neoliberal dos anos antecedentes ao governo Lula da Silva.
A interação cidade-campo nos anos de crise em todo o mundo produziu o circulo vicioso que debilitou o conjunto. Forçados pela queda dos produtos primários de exportação, os países da periferia foram obrigados a desvalorizar as suas moedas para continuar no mercado. A situação não era exclusiva dessas