Criminologia ônibus 174
O texto relaciona o documentário de José Padilha com o livro “Justiça” de Luiz Eduardo Soares e o capítulo (também escrito por ele) do livro “Cabeça de Porco” intitulado “Invisibilidade e Reconhecimento”.
“Bandido bom é bandido morto”
É essa a frase na orelha de capa do livro de Luiz Eduardo Soares (Justiça). E parece que foi a essa conclusão que a maioria chegou no final/ápice do incidente do ônibus 174; quando uma multidão enfurecida debandou pela rua para linchar o homem que, depois de um dia inteiro com vários reféns dentro do ônibus, finalmente havia saído do veículo (levando um tiro e atirando em uma das reféns que estava com ele)
Mas quem era esse homem?
(Sérgio?
Não.
Sandro).
E a culpa por tudo que aconteceu foi realmente apenas dele?
Luiz Eduardo Soares começa seu livro dizendo que: “Uma história depende do ponto de vista a partir do qual começamos a conta-la”. Isso quer dizer que há muito mais pra se ver no ato de Sandro, se pararmos para olhar, do que o sequestro de um ônibus.
A mãe foi esfaqueada na frente dele quando tinha apenas seis anos. Pai desconhecido. Passou a morar com a tia, mas fugiu de casa. Acabou indo morar nas ruas e logo começou a roubar com os outros meninos mais velhos. Roubava para cheirar. Cresceu revoltado pela situação da família. Estava presente na chacina da Candelária.*
Cumpriu medida socioeducativa quando adolescente e foi preso quando adulto, por roubo, enfrentando as péssimas condições do sistema carcerário, tanto das casas de internação para menores infratores, os maus-tratos e humilhações, quanto as condições sub-humanas das prisões. Que, bem da verdade, só servem como “escola do crime”.
O sequestro do ônibus foi só o final da história.
Para os policiais alí o que estava acontecendo era simples. Eles não tinham interesse em saber quem era aquele homem.
Durante o assalto do ônibus 174, o policial encarregado de negociar os reféns, ao