Criminalidade organizada
Sérgio Adorno e FernAndo SAllA
Foto Mauricio Lima/agência France Presse - 22.7.2006
Policial observa ônibus incendiado sobre a Ponte eusébio Matoso, na Marginal Pinheiros, zona sul de São Paulo, em onda de ataques violentos atribuída pelas autoridades ao PCC.
e
ntre 12 e 20 de maio de 2006, 439 pessoas foram mortas por armas de fogo, no estado de são Paulo, conforme laudos necroscópicos elaborados por 23 Institutos Médico-Legais, os quais foram examinados pelo Conselho Regional de Medicina.1 Comparativamente a igual período em anos anteriores, bem como às semanas anteriores e posteriores a esse período, o volume de mortes é bastante elevado, sugerindo um cenário de excepcionalidade. essas mortes foram acompanhadas de ondas de violência, como rebeliões em 73 presídios do estado, agressões e ataques contra agentes públicos, sobretudo policiais e agentes penitenciários; contra civis; contra prédios privados, como bancos, e públicos, como postos policiais; além de incêndios de veículos de transporte público como ônibus. o mais surpreendente foi a paralisação temporária das atividades na maior cidade do país, são Paulo, contribuindo, com impressionante rapidez, para exacerbar sentimentos de medo e insegurança que há muito se encontram dissemi-
estudos avançados
21 (61), 2007
nados entre seus habitantes. Logo, as ondas de violência foram associadas à ação do Crime organizado,2 mais particularmente do chamado Primeiro Comando da Capital (PCC),3 cujo centro irradiador são as prisões que compõem o sistema penitenciário paulista. embora tenha havido trégua após os dias que se seguiram a 20 de maio, as ações persistiram até meados do mês de agosto, culminando com o seqüestro de um jornalista da Rede Globo, cuja liberdade foi obtida após o atendimento de uma das exigências dos seqüestradores: a transmissão, pela rede, de um comunicado de cerca de três minutos subscrito pelo PCC. tomando como