CRIATIVIDADE
Psicol. cienc. prof. vol.3 no.2 Brasília 1983 http://dx.doi.org/10.1590/S1414-98931983000100005 Expectativa do professor: implicações psicológicas e sociais*
Vera Maria Vedovelo de BrittoI; José Fernando Bitencourt LomonacoII
IF. M. U.
IIInstituto de Psicologia/USP
RESUMO
Os objetivos do presente estudo foram o de verificar a influência da expectativa do professor sobre o desenvolvimento intelectual, rendimento escolar e comportamentos não-acadêmicos dos alunos, bem como se existe diferença de influência da expectativa quando esta é induzida em termos de inteligência ou de criatividade. O estudo foi realizado numa escola pública de uma cidade do interior do Estado de São Paulo. Serviram como sujeitos alunos de seis classes da primeira série do primeiro grau de ambos os sexos e suas respectivas professoras. Foram utilizados, para a avaliação das variáveis dependentes, três instrumentos: Teste de Capacidade Geral, de Flanagan, aplicado no início e final do ano, uma escala através da qual as professoras avaliaram os alunos em comportamentos não-acadêmicos e conceitos do rendimento escolar dos alunos. Em cada uma das seis classes, foram randomicamente selecionadas cerca de 20% das crianças para constituir o grupo experimental e igual porcentagem para constituir o grupo controle. Em três das professoras, procurou-se induzir expectativa positiva com relação à criatividade e, nas outras três, expectativa também positiva com relação à inteligência.
Foram encontradas diferenças significantes entre os grupos quando se induziu expectativa em termos de criatividade e se considerou as avaliações das professoras tanto em rendimento escolar como em comportamentos não-acadêmicos. Entrevistas realizadas com as professoras sugerem que as expectativas que elas formam em relação a seus alunos, a partir de estereótipos, logo nos primeiros dias de aula, afetam seu julgamento a respeito do