Crianças abandonadas
A preocupação com a infância é antiga, a partir do momento da sua inserção na família e na sociedade. Para Aristóteles a família é a primeira instância da educação das crianças, o que confere aos governantes e aos legisladores o dever de regular e vigiar essas relações, garantindo para que os pequenos seres cresçam com saúde e atendendo as obrigações cívicas, disse ainda que o Estado deveria ser o único responsável pelo ensino. Porém, a realidade não é esta, mesmo com a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente, o abandono de crianças continua existindo, tornando-se uma das maiores causas de violência.
Até os séculos XVII e XVIII a criança era vista e projetada como um adulto em escala reduzida. Logo que se livrava da dependência física, misturava-se aos de maioridade, transpondo assim, a juventude.
O tratamento para a infância vem apresentando modificações significativas desde o período histórico, até os dias atuais. A criança é produtora de cultura e com a transformação da sociedade, percebeu-se a necessidade de uma estruturação sistematizada das instituições para que atendessem as crianças de forma integral, já que essas passaram a ser vistas como ser social em constante desenvolvimento.
O abandono de crianças no Brasil está presente desde os tempos coloniais, prática habitual, uma prova de fraqueza moral ou fruto da miséria. No fim do século XIX e início do século XX foi marcado pela segregação e discriminação racial a estes pequenos inocentes, chegando a extremos, levando até ao infanticídio disfarçado por práticas cruéis.
Muitos fatores levavam as pessoas a realizar ações de abandono: as moças de família para preservar a sua honra, falta de recursos financeiros, fruto de relações com escravas ou por alguma deficiência física. Seus genitores ou parentes relegavam estes pequenos à própria sorte, deixando-os em lugares ermos, como, lixos, esgotos e mangues com o risco de até serem devorados por animais;