CRESCIMENTO X DESENVOLVIMENTO QUANDO MENOS É MAIS
Por José Eli Da Veiga
Professor Titular do departamento de economia da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA/USP) e autor do livro “Desenvolvimento Sustentável – O desafio do século XXI ” Até praticamente os anos 90 não havia uma maneira de se distinguir desenvolvimento de crescimento. Esse quadro começou a mudar quando economistas e sociólogos passaram a buscar explicação para o fato de, nas décadas de 50, 60 e 70, o resultado do crescimento econômico em termos de desenvolvimento ter sido frustrante. Nesse sentido, a criação do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), lançado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1990, foi fundamental para esclarecer o debate. E os relatórios que anualmente divulgam esse índice deixaram bem claro que o crescimento econômico é um meio de atingir o desenvolvimento, entendido como processo de alargamento das escolhas das pessoas, isto é, de expansão da liberdade.
Paralelamente, a consciência gerada nos anos 70 em relação à problemática ambiental fez com que só desenvolvimento não fosse mais satisfatório. Era preciso que o desenvolvimento passasse a ser também sustentável. A expressão “desenvolvimento sustentável” vinha sendo usada publicamente desde 1979, mas só se firmou em 1987, quando Gro Harlem Brundtland, presidente da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, explicou durante Assembléia Geral da ONU que se tratava de um conceito político. Essa palavra apareceu nesse contexto do debate das Nações Unidas a respeito da relação entre o desenvolvimento e a conservação ambiental. A discussão sobre a sustentabilidade é menos precisa na falta de um indicador tão legítimo como o Índice de Desenvolvimento Humano no aspecto da sustentabilidade ambiental.
No Brasil, a distinção entre esses dois fatores - crescimento e desenvolvimento – ainda não é vista com clareza. Acredita-se que o crescimento seja um fim