Crescimento, desenvolvimento e desigualdade de renda.
Bruno Oliva Peroni
Crescimento, desenvolvimento e desigualdade de renda.
Análise dos Clássicos: Furtado, Cardoso e o “Milagre” Econômico
O tradeoff entre desenvolvimento e crescimento econômico já foi exaustivamente discutido na âmbito acadêmico da Economia, o que torna o tema central do trabalho um pouco batido. O que torna o artigo único é a sua análise do período-chave história recente do Brasil, período de um grande aumento na riqueza total da população, mas questionado quanto a sua eqüidade. O texto traz também o olhar conjugado de dois grandes (e influentes) intelectuais: Fernando Henrique Cardoso e Celso Furtado. A introdução cita de maneira clara as diferenças e crenças de cada autor, deixando claro que nenhum deles possui a verdade absoluta. O primeiro capítulo também evidencia a enorme contribuição desses pensadores para o estudo da Economia Histórica Brasileira.
Claramente, ambos autores eram visionários. Existe um trecho em específico que chama bastante a atenção. É uma visão de futuro proposta por Cardoso, que já nos anos 70 previa uma mudança brusca nos meios de produção e na sociedade advinda da globalização. Também previu o aumento da classe média, a hoje chamada “classe C”, que já representa 51,89% da população brasileira (FGV).
Porém, discordo um pouco com as idéias propostas pelos autores, em alguns pontos específicos. Cardoso, por exemplo, estudou a dependência brasileira, que, segundo ele, se desenvolvia com base na mais-valia. Já Furtado, mesmo negando suas bases deterministas economicamente, creio também se pautar em uma discussão binária entre o desenvolvimento e o subdesenvolvimento, facilmente relacionada com a antiquada visão trabalhador-detentor do capital, proposta por Marx.
Penso que o conceito de crescimento defendido por Furtado, destoa um pouco da atual realidade brasileira, principalmente no que diz respeito à realidade empresarial. Ele defendia que a estagnação do país era causada pela