Credo democrático
O “CREDO DEMOCRÁTICO” DOS JOVENS
UNIVERSITÁRIOS DE SALVADOR: liberdade, igualdade, tolerância e propensão para o diálogo1
INTRODUÇÃO
Este artigo procura analisar alguns valores da cultura política dos universitários de Salvador.
Para isso, foi realizada uma consulta a estudantes de quatro universidades: a Universidade Federal da Bahia – UFBA, a Universidade Católica de Salvador – UCSAL, a Universidade Salvador –
UNIFACS e a Universidade Estadual da Bahia –
UNEB.2
De uma forma geral, considera-se como um dos elementos significativos para o bom funcionamento da democracia o compartilhamento de valores democráticos pela população (Tocqueville,
1998; Putnam, 1996). Isso não significa comungar com a perspectiva neokantiana, de que “la bondad de las instituciones es hija de la racionalidad de
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Este texto corresponde a um capítulo revisto e atualizado da tese de Doutorado “Democracia e Cultura Política dos Universitários Baianos”, defendida em maio de 2000.
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Entre 1999 e 2003, foram pesquisados 732 universitários da UNIFACS, UFBA, UCSAL e UNEB. Em 2003 voltamos a aplicar as mesmas questões a estudantes do
Campus 1 da Universidade Estadual da Bahia-UNEB.
los ciudadanos y no sufre desvíos o asimetrías ”
Accarino (2003, p. 167). Entende-se que os valores atribuem significação cultural a componentes específicos da realidade. Agnes Heller (1985, p. 4) observa que a condição primordial dos valores é o de fazer parte do ser genérico do homem e, como tal, contribuir para enriquecer e explicar os componentes essenciais desse ser genérico.
Entre o conjunto de valores que compõe, em geral, os estudos da cultura política, Bobbio
(1996) destaca a “liberdade” e a “igualdade” como portadores de um significado emotivo de característica predominantemente positiva. Contudo esse mesmo autor salienta que, apesar de sua desejabilidade, esses valores não são absolutos, havendo, portanto, possibilidade de sua