Cotidiano
Quando o excesso de amor prejudica o desenvolvimento humano
Edneia de Oliveira Alves (1)
Maysa Suelma Palmeira Leite Rocha (2) Resumo O artigo a seguir relata recortes da história de vida de uma surda que teve uma educação super-protetora. As experiências vividas por ela e apresentadas aqui são analisadas sob o enfoque de teorias que abordam o papel da família no desenvolvimento social, intelectual e emocional de uma pessoa. Acredita-se que a educação super-protetora, embora seja com a intenção de evitar de sofrimento, prejudica a autonomia e o desenvolvimento humano dos indivíduos. No caso da surdez, existe a capacidade de adaptação das normas sociais e da autonomia, negá-lo esse tipo de preparo é uma forma de torná-lo incapaz de fato. Palavras-chave: Amor, Educação, Necessidade especial
Este artigo pretende, através de um relato de vida pessoal expor as conseqüências que a super-proteção pode trazer ao desenvolvimento social, individual e emocional de um deficiente, mais especificamente de um surdo.
Antes faz-se necessário compreender que a super-proteção é um comportamento que pode prejudicar o desenvolvimento humano, pois muitos pais perdem a medida da proteção e esquecem de preparar os filhos para enfrentar as adversidades da vida. Esse tipo de comportamento é comum ser encontrado em casos em que a família precisa lidar com filhos com deficiência. Nessas famílias, muitos pais são incapazes de perceber que o seu desejo de aliviar o sofrimento de seu filho em todas as circunstâncias acabam expondo-os a maior sofrimento. Perske (1972), um dos pioneiros do movimento de integração e normalização de pessoas com deficiências, alerta que:
A super-proteção ameaça a dignidade humana, e faz com que essas pessoas sejam impedidas de experimentar as situações de risco da vida cotidiana que são necessárias para o crescimento e desenvolvimento humano normal...Negar a qualquer pessoa sua cota justa de experiências que envolvam risco é modelá-las