Cosmologia no mundo mítico
Mito segundo o Dicionário básico de filosofia de Japiassú e Marcondes é uma
Narrativa lendária, pertencente à tradição cultural de um povo, que explica através do apelo ao sobrenatural, ao divino e ao misterioso, a origem do universo, o funcionamento da natureza e a origem e os valores básicos do próprio povo. Ex.: o mito de Ísis e Osíris, o mito de prometeu etc. O surgimento do pensamento filosófico-científico na Grécia antiga (séc. VI a.C.) é visto como uma ruptura com o pensamento mítico, já que a realidade passa a ser explicada a partir da consideração da natureza pela própria, a qual pode ser conhecida racionalmente pelo homem, podendo essa explicação ser objeto de crítica e reformulação; daí a oposição tradicional entre mito e logos. (2006, p.189).
Vamos portanto percorrer neste capítulo, a passagem desse mito à filosofia e o quanto for possível e pertinente mencionar uma configuração do surgimento da ciência e da astronomia científica ou cosmologia que se difere da cosmogonia, como veremos neste processo. Cosmogonia segundo Japiassú:
(gr. Kosmogonia: criação do mundo) Teoria sobre a origem do universo, geralmente fundada em lendas ou mitos e ligada a uma metafísica. Em sua origem, designa toda explicação da formação do universo e dos objetos celestes. Atualmente, designa as explicações de caráter mítico. (2006, p.59)
Assim assumiremos neste texto este posicionamento, esta distinção entre cosmologia e cosmogonia considerando portanto esta ultima como “mítica”, ou melhor não pautada em “leis físicas”.
Na Antiguidade podíamos dizer que o “conhecimento” estava com todo o povo, pois o mito “pairava no ar”, fazia parte do povo e o mito era o “conhecimento”. Ele era passado de geração em geração de forma oral. Dessa maneira não se exigia muito, “bastava ouvir”, para captar o mito. O mito era componente desse povo.
Mas o que vem a ser esse mito? O termo grego mythos ‘’significa um tipo bastante especial de discurso, o discurso