Corporeidade
Marta Genú. Drª. UEPA
A corporeidade é um conceito e um fenômeno. Conceito porque traduz epistemologicamente o evento do sujeito histórico. Fenômeno porque caracteriza a ação humana no contexto social. Como fenômeno e evento social que o sujeito constrói na relação com o meio em que vive, envolve as dimensões humanas. Os aspectos humanos desenvolvidos durante o processo de maturação (biológico) e socialização (cultura) constituem as dimensões humanas nomeadas como social, política, emocional, biológica e cultural. A relação estabelecida entre a corporeidade e as expressões do sujeito implica em vivências no meio sociocultural que resultam no desenvolvimento dos domínios do comportamento referentes aos aspectos cognitivos e sócio-afetivos. A análise do fenômeno da corporeidade perpassa pela compreensão de conceitos subjacentes, entre eles: corpo, consciência corporal e omnilateralidade. Há representações de corpo nas diferentes culturas e momentos históricos. Da ação motora autômata e da consciente, do corpo como instrumento de trabalho. Na antiguidade, os gregos buscavam a harmonia entre corpo e mente com atividades artísticas e atléticas. Com a Modernidade há um privilégio do reflexivo, e o ativo é tido como menos importante. Portanto, há uma segmentação entre corpo e alma, o corpo é cindido. Descartes radicalizou a separação corpo e alma para livrar a ciência das amarras da igreja (ESPÍRITO SANTO: 1998, p. 104). O dualismo cartesiano vem com uma intenção: se por um lado o que é materializado pode ser comprovado, toda a realidade é explicável e tem um funcionamento linear, mecânico, por outro lado o que abstrato, subjetivo e relativo à alma cabe a igreja. Como conseqüência desse processo de modernização o homem é materializado em sua imagem, trato e existência. A maquinização dos corpos é superdimensionada pelo contexto social, pela indústria cultural e pela mercadorização