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A Santa Sé intervém raras vezes na economia, mas a fome também a preocupa. Hoje se torna evidente que mais uma crise alimentar ameaça o mundo, tal como há quatro anos. Na altura, as revoltas da fome atingiram 30 países.
Uma forte seca nos Estados Unidos e a intempérie na Ásia levaram a uma redução da colheita de cereais e, em resultado, a uma subida brusca dos preços de todos os artigos alimentares sem exceção. Segundo os cálculos do Programa Alimentar da ONU, o número de famintos no planeta aumentará no fim do ano em 53 milhões de pessoas.
A próxima crise não é a primeira e, pelos vistos, não é a última. Ainda durante a crise dos preços de 2008, os peritos advertiam que é necessário quebrar o sistema. No caso contrário, os problemas passarão para a “profundidade” e, saindo daí, tornar-se-ão mais maduros. É isso que acontece agora.
Vladimir Kvint, chefe da cátedra de estratégia financeira da Universidade de Moscou, afirma que a subida dos preços dos artigos alimentares tem causas objetivas. O perito considera que o apelo do Vaticano é bastante atual:
“O Vaticano coloca uma questão justa. Por outro lado, a maioria das estruturas da ONU tornou-se obsoleta. Fala-se disso durante muito tempo, mas nos últimos dez anos nada foi feito praticamente. Tais organizações internacionais como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional devem continuar as reformas que, diferentemente da ONU, já começaram nestas entidades. Nestas reformas, é necessário dispensar mais atenção aos fornecimentos de víveres e ao aumento de salários nas esferas ligadas à saúde pública.”
Propriamente dito, a questão é muito simples. Para que o mundo precisa do modelo de mercados alimentares, em que 800 milhões de pessoas vivem permanentemente em fome ou alimentação insuficiente? Segundo os prognósticos da ONU, o seu número aumentará em quatro