Coração das Trevas

Obscurantismo e Imperialismo
Joseph Conrad, escritor de origem polaca, adquiriu diversas experiências marítimas durante sua carreira na Marinha Mercante Inglesa, sendo esta a causa da importância do mar em grande parte de suas obras. Este, elemento fundamental na construção do cenário de uma de suas publicações mais famosas, Coração das Trevas.
Coração das Trevas é uma história envolvente e reflexiva, que denuncia a prosperidade das grandes nações europeias em detrimento da exploração de outras culturas. A história inicia-se no rio Tâmisa, que banha Oxford e Londres, onde um narrador anônimo esperava a mudança da maré para seguir viagem. Neste momento da narrativa, é introduzida a personagem que narrará a história principal, Charlie Marlow.
Há, como se pode notar, dois narradores. O primeiro, anônimo, ouvinte da aventura de Marlow, pouco se sabe sobre ele e interrompe a narrativa principal em raros momentos. O segundo, narra basicamente sobre sua ida à África, as atrocidades e as manifestações selvagens durante o trajeto e sobre um homem extremamente interessante que muda sua vida – Kurtz.
É importante estabelecer o contexto histórico no qual a história de Marlow está inserida. Durante o século XVIII, o tráfico de escravos atingiu seu apogeu no mundo, sendo base do sistema de produção de diversas nações. Os negros, capturados por tribos inimigas, eram entregues aos europeus nas costas africanas por meio do escambo (processo de troca de mercadorias de pequeno valor por mão de obra).
Com o fim do tráfico negreiro, no século XIX, os europeus se veem obrigados a alterar as fontes de seus lucros exorbitantes, passando a explorar as riquezas naturais que aquela terra tinha a oferecer. O comércio de escravos foi substituído pelo de metais e pedras preciosas, além do marfim e da borracha.
Contudo, este não é o único motivo que explica o profundo interesse europeu no território africano. As grandes potências da época passavam pelo processo conhecido como II