Análise Antropológica de Coração das Trevas
Introdução:
O romance Coração das Trevas narra a missão que Charles Marlow tem de “resgatar” o comerciante Kurtz de uma comunidade no Congo e levá-lo de volta a civilização. O livro, assim como seu autor, no entanto, não deixam que o leitor prenda-se somente à narrativa de Marlow, na verdade, ele apresenta diversas facetas, nunca explícitas, sempre escondidas em pequenos trechos, frases e orações.
Em se tratando de uma viagem cujo foco é, exatamente, a relação do capitão Marlow com o outro, seja com os nativos africanos que encontrará pela descida do rio Tâmisa, seja com o admirável e temido Kurtz, não é incomum traçar certos paralelos com teorias antropológicas.
Podem ser encontradas, por exemplo, indicações das teorias evolucionistas, racistas e até mesmo das correntes de Villas Boas e de Lévi Strauss.
Pequenos paralelos com a antropologia e suas várias teorias:
"Na imutabilidade do que os cerca, as praias estrangeiras, os rostos estrangeiros, a mutável imensidão da vida passam deslizando, velados, não pelo senso de mistério, mas por uma ignorância ligeiramente desdenhosa."
"Fora isso, após horas de trabalho, um passeio ou uma farra casuais em terra bastam para desvendar-lhe o segredo de todo um continente, e em geral ele acha que o segredo não vale o esforço de conhecê-lo." Nessas passagens, é possível perceber que para os "homens do mar", conhecer, estudar o povo do continente no qual haviam atracado pouco importava, portanto, apesar de serem homens do século XIX, período em que a antropologia como ciência já havia desabrochado, não eram todos os que detinham uma preocupação antropológica, ou seja, o de estudar os ramos da sociedade que são diferentes às nossa.
Porém, Marlow era diferente, em sua narrativa sobre os romanos, espanta-se só de imaginar que esses, um povo que conhecia a "civilização", ao desembarcar em novos continentes, tiveram um choque com os povos nativos ("Desembarca num