Coragem

O Pequeno Tratado das Grandes Virtudes
Capítulo 5
A Coragem

A coragem é considerada de todas as virtudes, a mais universalmente admirada. E isso se deve ao fato dessa ter um certo prestígio. A covardia sempre acaba sendo desprezada e a bravura estimada. O que quase não varia, é que a coragem que nada mais é que a capacidade de superar o mesmo vale mais que a covardia. Por isso a coragem é a virtude dos heróis, que acabam sendo admirados por todos. A covardia algumas vezes pode ser usada como desculpa, enquanto a coragem sempre será eticamente valorizada.
Dizem que coragem egoísta é egoísmo, desinteressada é heroísmo e que mesmo que isso não se prove no ato, se prova algo no valor do indivíduo. Quando sua coragem é testada, seu caráter é colocado à prova o que pode comprometer sua responsabilidade moral, ou seja, sua dignidade. Por isso para um ateu, por exemplo, um ato de coragem diante da morte de outro alguém é mais que coragem, por não ser capaz de encontrar gratificação positiva.
Porém encontrar prazer em servir ou ajudar o outro, encontrar bem-estar em uma ação generosa é a própria virtude. Por isso a coragem só se torna virtude quando a serviço de uma causa geral e generosa, e por isso acaba sendo uma fraca sensibilidade ao medo. Ela não é a ausência do medo, e sim a capacidade de deixá-lo para trás e ser capaz de uma ação generosa vinda de uma vontade mais forte.
A coragem pode ser considerada a condição de qualquer virtude, porém o mesmo era dito sobre a prudência. Mas nada seria do justo sem a prudência pois não saberia como combater a injustiça nem sem a coragem pois não ousaria nem entrar nesse combate. A coragem não é o mais forte, mas sim o destino ou o acaso. Ela está ligada a ele, e assim permanece submetida. A todos os homens existe o que se pode e não pode suportar, e se pode ou não encontrar antes da morte algo que possa o abater. Todas as virtudes se relacionam, e todas se relacionam com a coragem.