COPOM SOZINHO
Hoje o Copom se reúne, e o mercado formou seu consenso em torno de mais um aumento de 0,5% nos juros, amanhã. Seja como for, o Banco Central, de novo, está naquela situação de sozinho ajudar a derrubar uma inflação que, pela décima vez no governo Dilma, estourou o teto da meta. Os esforços fiscais prometidos pelo governo não convencem, até porque a trucagem continua a pleno vapor.
Os últimos dias foram iguais aos outros que passaram: o governo anunciou novos repasses para os bancos públicos, e os bancos fizeram novos pagamentos de dividendos ao Tesouro, em alguns casos pagando mais dividendos do que os lucros que auferiram. No caso do BNDES, aconteceu o que o jornal "Estado de S.Paulo" anunciou ontem: um estudo do Ibre, da Fundação Getúlio Vargas, mostra que despencou o patrimônio do banco: uma queda de 38% em dois anos. Mas ele continua pagando dividendos cada vez maiores, em vez de recompor o patrimônio perdido na queda do preço das ações que tem em carteira.
Essa movimentação de dinheiro do Tesouro para os bancos públicos, e a volta em forma de lucros, irritou até o ex-ministro Delfim Netto, que na "Folha de S. Paulo" de domingo disse: "Tivemos truques demais. Destruímos coisas importantes. O transparente é esquecer os truques e anunciar um programa para um equilíbrio fiscal de quatro a cinco anos." Segundo Delfim, grande apoiador da política econômica, o presidente do Banco Central "cansou de ter esperança de que a política fiscal ajudasse no combate à inflação".
A política fiscal, portanto, não é o ponto no qual se possa confiar para derrubar fortemente a inflação, como seria desejável. O superávit primário tem duas funções. Garantir o pagamento dos juros da dívida pública, e com isso aumentar a confiança de investidores internacionais no país, mas também atacar a alta dos preços, porque o governo, ao gastar menos, ajuda a diminuir a demanda agregada. Acontece que a Fazenda tem chegado às metas de superávit