copa do mundo
A Copa do Mundo de Futebol da FIFA está entre os eventos globais de maior expressão contemporânea em termos econômicos, simbólicos e políticos. Ao longo do século XX, a FIFA e seus dirigentes souberam como construir globalmente esse evento, que, com a força inercial que toda tradição (ainda que inventada) possui, vem se consolidando no século XXI como um poderoso instrumento de competição simbólica entre nações, uma "máquina cultural", como Alabarces (2002) assinala. Na antropologia brasileira, a importância social e simbólica da Copa do Mundo e sua relação com a identidade nacional vem sendo destacada desde os anos 1980 em diferentes perspectivas, na obra de vários pesquisadores, como Guedes (1998), Rial (2003), Damo (2011) e Helal (2002), entre outros.1
Além do valor simbólico internacionalmente reconhecido de uma Copa do Mundo, articula-se a esse megaevento um poderoso investimento financeiro. Uma boa parte dos recursos envolvidos na produção e consumo de um megaevento se relaciona à sua produção midiática. Os direitos de transmissão de uma Copa do Mundo são disputados por corporações de mídia de todo o mundo, a um custo de centenas de milhares de dólares por emissora. Segundo estimativa do Banco Merril Lynch (Moysés, 2010), a FIFA teria obtido cerca de 3,3 bilhõesde dólares de faturamento pela Copa do Mundo da África do Sul, em 2010.
O caráter supranacional de uma entidade como a FIFA, associado às dimensões econômicas e simbólicas do evento, promovem relações nem sempre pacíficas com o campo da política: a rusga entre o ministro dos Esportes Aldo Rebelo e o secretário da FIFA Jérôme Valcke em março de 2012 é um bom exemplo. Para além das declarações nos jornais, por vezes exceções à legislação precisam ser criadas para acomodar os múltiplos interesses econômicos em jogo, como é o caso da liberação provisória para venda de bebida alcoólica nos estádios da copa, mas somente de uma única marca de cerveja autorizada para venda, a patrocinadora da