COPA DE 1970 E A DITADURA MILITAR
Há quatro décadas a seleção brasileira conquistava o tri-campeonato de futebol mundial, no México. Sendo a primeira a almejar o título três vezes, desde que o campeonato fora estabelecido em 1930, tendo o direito de trazer para o solo brasileiro a taça Jules Rimet.
A seleção brasileira de futebol de 1970 foi considerada por muitos a maior de todos os tempos. Ao arrematar em apoteose a taça, tomou para si o estigma de um feito heróico, num espetáculo transmitido pela primeira vez para o povo brasileiro através da televisão. Com forte cobertura na mídia de então, a vitória da seleção brasileira em 1970 foi usada como instrumento de propaganda do regime militar. Nunca o futebol seria tão bem explorado como propaganda de um governo no Brasil como o foi em 1970. A taça Jules Rimet foi erguida pelo próprio presidente de então, Emílio Garrastazu Médici.
1970 foi um dos anos mais tensos da história do Brasil e do próprio regime militar implantado em 1974. No ano anterior as guerrilhas urbanas eclodiram pelo país, o seqüestro de um embaixador norte-americano pela esquerda oposicionista, revelou ao mundo o que até então os militares negavam veementemente, a existência de tortura no país. O ano da copa começou com outro seqüestro da esquerda, a do cônsul do Japão Nobuo Okushi. Iniciava-se uma sangrenta caça aos guerrilheiros. A finalidade era caçar a todos e eliminar, numa condenação à revelia a uma pena de morte pré-determinada.
Momentos antes do início do campeonato, João Saldanha, técnico que classificara a seleção para a copa, foi afastado por motivos políticos, sendo substituído por Mario Jorge Lobo Zagallo. Feitas as arestas ideológicas, o Brasil entrou em campo, eliminando todos os adversários, numa atuação antológica de um elenco luxuoso, com Pelé, Tostão, Rivelino, Jairzinho, Gérson, Carlos Alberto Torres e Clodoaldo entre eles.
Enquanto o povo delirava com os gols, a economia atingia o auge do que se chamou “Milagre