Convivencia com a seca
Delze dos Santos Laureano [1]
(Artigo publicado no livro O VESTIR E O CALÇAR – perspectivas da relação saúde e trabalho, José Reginaldo Inácio e Celso Amorim Salim (org.), Ed. Crisálida, Belo Horizonte, 2010, pp. 424-438.)
Introdução O meio ambiente ecologicamente equilibrado é reconhecido juridicamente como um bem de uso comum do povo. Inicialmente, fomos levados a pensar na proteção do ambiente sem a presença do ser humano. Nos dias atuais, sabemos que as questões ambientais perpassam todas as atividades humanas, não apenas a nossa relação com o ambiente natural. Diante disso, temos de assumir a tarefa de conhecer melhor de que modo as atividades humanas, entre as quais o trabalho, interferem na qualidade do ambiente e de que modo a qualidade do ambiente interfere na vida de todos os seres e também no bem-estar dos trabalhadores. Ressalte-se que o trabalho como um valor social é componente indissociável da dignidade da pessoa humana, princípio em torno do qual gravita todo o ordenamento jurídico moderno.
O modo capitalista de produção e o meio ambiente Entendemos que uma reflexão, mesmo inicial, acerca da interação entre meio ambiente e o trabalho humano, sob a perspectiva da dignidade humana, deve passar inevitavelmente por duas considerações. A primeira, a deterioração do ambiente do trabalho em razão das constantes e inconseqüentes mudanças nas técnicas de produção, capitaneadas pelo racionalismo e defendidas pela ideologia dominante nos três últimos séculos, para atender aos interesses econômicos somente. O nosso modo de vida, ao longo do tempo, como consequência disso, (des)orientado pela civilização ocidental, vem causando danos irreparáveis no ambiente em geral e nas relações humanas, seja no âmbito familiar, seja nos espaços públicos e privados de convivência. O corpo e a mente das pessoas que trabalham padecem em consequência dessa deterioração. A maioria dos empreendimentos