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Essa compreensão da psicopatologia, sob influência de uma dada leitura do marxismo, pretendia estar embasada no materialismo dialético, o que permitiria articular indivíduos e fatos sociais. No entanto, Le Guillant acabou inicialmente aceitando uma diretriz do PCF e buscando, mesmo que por um curto período, uma adesão absoluta às teses pavlovianas, de modo que toda “manifestação psicopatológica” foi entendida, neste período, apenas como um reflexo do condicionamento social e das condições de trabalho (BILLIARD, 2001, p.206).
Le Guillant considerou inicialmente as condições de trabalho das domésticas para entender o surgimento de seus sintomas, condições que as deixavam sem horário que limitasse sua jornada, dormindo em quartos absolutamente desconfortáveis, com baixos salários. Nem seu nome original era respeitado, alterando-o de modo a facilitar a comunicação com os filhos dos patrões. Somava-se a isto o fato de que grande parte delas era de filhas de imigrantes. Essas condições formavam uma “gestalt social”3, trazendo consigo uma situação de humilhação capaz de gerar um intenso ressentimento que surgiu como um elemento novo na avaliação de Le Guillant, na medida em que considerou esse ressentimento – subjetivo e não mais apenas objetivo (como os elementos que apareciam em suas análises anteriores) – fundamental na formação de sintomas dessas mulheres. O