Conversando sobre psicanálise
Entrevista dada pela psicanalista Almerinda Castelo Albuquerque pertencente ao Grupo de Estudo Psicanalítico de Fortaleza ao jornal O Povo - 20 a 26 de setembro de 2009 no caderno Ciência e Saúde
1) -Qualquer pessoa pode procurar um psicanalista? Digo para fazer análise? A senhora pode me corrigir se cometer alguma incoerência. Um adolescente, por exemplo:
Pode sim, mas nem todos que procuram fazer análise apresentam condições necessárias para desenvolver um trabalho psicanalítico que requer tempo, paciência, amor à verdade e determinação para entrar em contato consigo e com o desconhecido mundo do inconsciente. Por isso, é indispensável que o analisando (paciente) tenha motivação, desejo de fortalecer a estrutura do seu psiquismo de forma que ele se envolva com esse processo mental ao ponto de buscar as transformações que ele considere necessárias para uma maior integração e harmonia internas. Essas mudanças vão se dando na medida que o analisando vai se conhecendo mais, vai aprendendo a observar o seu funcionamento psíquico e vai expandindo a sua condição de pensar.
Há situações que o trabalho analítico é bem mais difícil, como os casos mais graves de psicose, perversão, psicopatia e adição, que requerem muita disponibilidade do analista e muita determinação do paciente e, não obstante, muitos conseguem benefícios bem razoáveis com a Psicanálise.
No que se refere ao tratamento de crianças e adolescentes, no início da Psicanálise, Freud tentava compreender o funcionamento psíquico da criança ou adolescente através da análise de adultos, mas depois, a filha dele, Anna Freud e Melanie Klein iniciaram a análise com as próprias crianças e desenvolveram técnicas específicas para esse tipo de atendimento. Depois, muitos outros analistas ampliaram esse trabalho e hoje se faz análise de criança com a mais tenra idade. Devido ao tipo de tratamento e das responsabilidades que envolvem um adolescente ou alguém de menor