Contrato De Leitura 14 05
Módulo 12 – Textos narrativos e descritivos II
Memorial do Convento
José Saramago
CPTG3
Liliana Sofia Revês Sequeira, nº21
O título cria uma expectativa de que a narração de factos registados, serão para memória futura, relativos à construção do convento de Mafra, mandado erigir para homenagear o casal real e o poder do Rei. Porém, essa expectativa é rapidamente desconstruída, quando a ficção se mistura com a História. Esta obra é constituída por duas vertentes temáticas, dicotómicas: as relações do mundo do trabalho – construção do convento vs. construção da ‘‘passarola’’, e as relações humanas e socias – casa real vs. casal popular (junto com Bartolomeu de Gusmão e Domenico Scarlatti). Estão presentes as seguintes personagens: D. João V e D. Maria Ana Josefa, que representam uma relação fria e cerimoniosa, o excesso, a corrupção, a riqueza, a sexualidade reprimida subordinada ao falso código moral e religioso; Padre Bartolomeu de Gusmão representa o clero numa vertente diferente do habitual; Blimunda ‘‘Sete-Luas’’ e Baltasar ‘‘Sete-Sóis’’, representam o dia e a noite - a totalidade da união amorosa - o amor não institucional, a ideia de totalidade, perfeição e harmonia; por último, o povo representado como o verdadeiro herói.
D. João V, casado com Maria Ana Josefa, vive um amor contratual, é um monarca insatisfeito por não ter um sucessor o que o leva a prometer a construção de um convento em Mafra, se a rainha lhe der um filho no prazo de um ano – cumpre-se com o nascimento da Infanta Maria Bárbara. A caracterização de D. João V é feita de forma caricatural, realçando o seu absolutismo, a vaidade, a prepotência. Devido a estas características, o rei leva mais de 40.000 portugueses a trabalharem de forma desumana para cumprirem a sua vontade. Padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão é chamado ironicamente de o ‘‘Voador’’ pois é uma personagem sonhadora que pretende construir uma passarola voadora. Com a ajuda do soldado