contos
IDÉIAS DE CANÁRIO E O ALIENISTA: DEBATENDO AS FACES DA
ALIENAÇÃO EM COOPERATIVAS DE TRABALHADORES
A PARTIR DE MACHADO DE ASSIS
Área 2) Princípios da Economia Solidária
Henrique Tahan Novaes hetanov@ige.unicamp.br Unicamp
Resumo
Este artigo pretende abordar o tema da alienação em cooperativas de trabalhadores.
A partir de dois contos de Machado de Assis: O Alienista e Idéias de Canário, debateremos sobre a perda do controle do produto do trabalho, mesmo em unidades produtivas onde os trabalhadores são os donos dos meios de produção. Em contraposição à proposta socialista de mercado –muito em voga na Economia
Solidária, defenderemos, tomando por base os escritos de Marx e István Mészáros, a necessidade de controle unificado da produção pelos produtores associados. Por último, advogamos a necessidade de uso concomitante de duas estratégias metodológicas para escapar da armadilha do fim da alienação. A Lente Microscópica
- que olha somente para dentro das fábricas-, se isolada da Lente Telescópica, não consegue captar a perda do controle do produto do trabalho numa sociedade regida pela produção de mercadorias. Já a Lente Telescópica - que olha todas as unidades produtivas e suas relações - não consegue verificar as mudanças promovidas pelos trabalhadores dentro dos muros das fábricas.
Palavras-Chave: Alienação, Cooperativismo, Autogestão, Planejamento Socialista da Produção, M. de Assis
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A alienação, no pensamento marxista, é um fenômeno que transcende os limites da firma individual. Mesmo que uma firma passe a ser de propriedade dos trabalhadores, a alienação dos mesmos persistirá, porque o regime de propriedade privada no restante da economia continuará determinando preços e salários, através das forças impessoais de mercado.
Por exemplo, eis uma crítica de tipo marxista a cooperativas de trabalho industrial isoladas: Os trabalhadores proprietários, mesmo que não tenham sentimentos de alienação no trabalho, podem