Contos e literatura
Por Janaina Moraes
Uma rua deserta, o vento de fim de tarde batendo no rosto. Alice puxa a gola do casaco pertinho da boca para sentir o hálito quente. A mochila nas costas começa a ficar cada vez mais pesada e ela decide parar! Com a mochila no chão, ela olha para a antiga casa amarela, foi ali que tudo aconteceu. Aquelas janelas velhas, o vidro quebrado, a grama alta no quintal que já foi cenário das tardes de sábado ensolarado. Agora só a garoa e o vento gelado sobraram, as lágrimas escorrem pelo rosto e ela sente as bochechas mais quentes, aquela dor vai voltar! Decidida, Alice ergue a mochila com todas as lembranças e segue o seu caminho. A placa do Café na esquina continua acesa, as paredes rachadas permanecem do mesmo jeito que há 2 anos, quando ela entrou ali pela primeira vez, o velho Café das Ilusões. Alice sobe os degraus, a porta com a maçaneta emperrada era a mesma e o cheiro de mofo também. As prateleiras empoeiradas e desorganizadas ainda mantinham os vidros sujos com os produtos tão desejados. Alice lembrava exatamente do vidro que observou quando entrou ali pela primeira vez: “Felicidade plena”, era este produto que ela procurava, porém estava em falta sem previsão para reposição do estoque. Agora a realidade era outra, as ilusões de Alice já estavam perdidas, ela sabia que a vida seguia o seu curso e vidros mágicos só adiavam o sofrimento. Ela percorre os corredores, observando cada ilusão a qual se sujeitou: o amor instantâneo, a alegria diária, o sexo sem compromisso e principalmente a saúde inabalável! Ilusões, verdadeiras miragens momentâneas as quais ela se sujeitou da forma mais egoísta possível.
Por fim, o último corredor, um vidro escondido no fundo de uma caixa, o último desejo com o coração apertado. Ela abre a caixa, fecha os olhos e deseja do fundo de sua alma que pelo menos esta não seja uma ilusão e que o pedido se cumpra. Na embalagem, escrito em letras garrafais o temido nome do