Conto
- Você sonhou com a Mãe D’Água. Foi só.
Levantou-se para ir tomar água, sua garganta queimava de sede. Quando ergueu a caneca para beber viu um anel brilhando em seu dedo.
- Que é isso?
De repente se lembrou de uma cerimônia em que ele recebera aquele anel, no palácio no fundo do mar.
Uma coisa dessas não podia ter acontecido. Mas o anel continuava um mistério.
Em seguida sentiu uma dúvida terrível: e se estivesse morto?
O jeito era se olhar no espelho, pois ouvira contar que fantasmas não refletem imagem. Claro que era tão pobre que nem tinha espelho em casa.
E se quando fosse vender o peixe no povoado, se olhasse no espelho da barbearia?
Será que tinha pescado alguma coisa? Só se lembrava daquela onda gigante que engolira seu barco. Correu até a praia e não viu o barco. Quem estava lá era a linda moça que o salvara na hora do naufrágio.
Ela sorriu e disse:
- Você não quis ficar na minha casa, vim morar na sua, afinal agora somos casados. Disse isso e estendeu a mão para ele.
Ele viu então que ela usava um anel igual ao que brilhava em seu dedo.
Respondeu:
- Venha.
Caminharam abraçados e, ao chegarem ao lugar onde ficava a cabana, ela não existia mais. Lá, agora, erguia-se um palácio e havia gente entrando e saindo.
A moça disse:
- É o meu povo das águas.
De repente, ele notou que estava vestido com roupas luxuosas em vez dos trapos de antes.
Sem dúvida a Mãe D’Água o escolhera para marido e não havia