Contextualização do filme "O Corte" com o texto "Deriva"

O filme “O Corte”, conta a história de um executivo francês, Bruno Delvet, que perde seu emprego em que trabalhava a muitos anos, devido ao fato da sua empresa ter se fundido com outra resultando na redução de funcionários. Delvet cita, no começo do filme, que antes de perder seu emprego, ele e sua família possuíam uma vida boa, tinham dois carros, mas só conheciam o vizinho da frente, fato que pode ser comparado com a densa textura da existência particular, evidenciada no texto “Deriva” de Richard Sennett, que dizia que a vida era limitada ao trabalho e vizinhança, fato originado pelo uso disciplinado do tempo. Ao longo do filme, percebem-se outras semelhanças com a história contada no texto de Sennett. O texto “Deriva”, conta a história de Rico que, assim como Delvet, era qualificado na área em que atuava, mas acaba perdendo seu emprego por um fato muito similar: sua empresa havia sido absorvida por outra, maior, que tinha seus próprios analistas. Tais fatos podem ser explicados pela mudança em que o mundo estava passando na época de capitalismo em que se passam as duas histórias, quando a flexibilidade e o fluxo a curto prazo caracterizavam o mundo. As burocracias estavam sendo eliminadas e as organizações como redes estavam crescendo cada vez mais. Nas duas histórias, fica evidente que ambos tiveram que enfrentar uma crise após terem sido demitidos de seus trabalhos. Assim como acabaram perdendo muitas de suas amizades, pois possuíam amizade sobretudo com pessoas do trabalho. O receio de perder o controle da vida embutido nas histórias de trabalho é bem evidenciado nas duas histórias. No filme, Delvet percebeu que a concorrência por trabalho estava acirrada, então, tramou um plano inusitado para driblá-la: assassinar os seus principais concorrentes. Isso acabava o estressando demais e tomando todo seu tempo, resultando na pouca atenção voltada a sua família, fazendo com que problemas familiares surgissem: sua mulher acabou o traindo e seu filho