CONTADOR
Crendice é uma crença incongruente e insólita, gerada pelo medo doentio de pessoas que possuem religiosidade exaltada.
O medo é o grande gerador dos crendeiros: Medo do inferno, medo do diabo, medo do purgatório, medo de pecar, medo de ser perseguido pôr espíritos inferiores, medo de feitiço.
Todas essas fobias criam pessoas crendeiras e supersticiosas e, concomitantemente, um sincretismo de crenças, engendradas para transformar pecados em virtudes.
O crendeiro é um fabulador. Sente surgir de tudo que o cerca um mistério atemorizante; um temor doentio que o faz viver num arrebatamento de dúvidas acerbas; em tudo descobre um mau presságio, porque em tudo acredita a seu modo.
Na ânsia de obter favores dos santos de sua afeição e de espíritos protetores; na persuasão de tanger o mal que ele mesmo cria, o crendeiro gera uma crença subjetiva. Faz promessas e pedidos aos santos da sua confiança; freqüenta reuniões espíritas; ouve missa, confessa-se e comunga; confia nos despachos depositados nas encruzilhadas e nas respostas que os búzios dão através da perspicácia de quimbandeiros, de pais-de-santo; consulta quiromantes, cartomantes e acredita nas solércias ditas por ciganas; ouve, cheio de crença, as linhas de umbanda e catimbó, e os conselhos dos senhores mestres espirituais, dados pela boca das mestras ou mestres evocadores, que sabem impressionar com sagacidade e inteligência; enche-se de amuletos e em tudo confia, porque de tudo desconfia.
O crendeiro procura esquecer-se da recomendação de São Paulo: "...evita as práticas vãs e profanas, porque só servem muito para a impiedade; e a prática delas lavra como gangrena..."
Todo crente que foge do ritualismo normal da lei que segue, se transforma em crendeiro; esquece que o pecado só aparece quando a lei é transgredida.
Da vacilação de uma pessoa surge a crendice. Quando se hesita e se apela para mais de uma potência na intenção de se obter uma graça, é porque