Consumo
João Fellet
Da BBC Brasil em São Paulo
Em 2010, classe C deve gastar R$ 864 bilhões com produtos e serviços
Os gastos da classe C com produtos e serviços cresceram 6,8 vezes entre 2002 e 2010 e quase igualaram as despesas das classes A e B somadas, segundo um estudo do instituto Data Popular baseado em dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Neste ano, a classe C (integrada por pessoas cuja renda domiciliar varia entre R$ 1.530 e R$ 5.100) gastou R$ 864 bilhões com o consumo, ao passo que as classes A e B desembolsaram, juntas, R$ 909 bilhões.
Com isso, a classe C, que em 2002 respondia por 25,8% dos gastos dos brasileiros, hoje responde por 41,35% e é, isoladamente, a que mais consome no Brasil.
Já as classes A e B, que há oito anos eram responsáveis por 58,1% das despesas, agora respondem por 42,9%. Apesar disso, os gastos nessa faixa social cresceram três vezes no período.
As classes D e E, que passaram a consumir 4,2 vezes mais nos últimos oito anos, mantiveram a sua participação, sendo responsáveis por 15,7% dos gastos totais dos brasileiros.
Principal mercado
“A classe C deixou de ser vista como segmento de mercado e fecha 2010 como o verdadeiro mercado brasileiro”, diz à BBC Brasil Renato Meirelles, diretor do Data Popular, instituto de pesquisas focado nas classes C, D e E.
Segundo Meirelles, o crescimento do consumo na classe C, também chamada de “nova classe média”, tem três explicações: o grupo social inchou no período, passando a englobar 50,5% dos brasileiros, segundo a Fundação Getúlio Vargas, seus rendimentos médios aumentaram, e também cresceu a oferta de crédito a seus integrantes.
Ele diz que, como resultado do maior peso da classe C, as empresas estão sendo obrigadas a produzir itens de maior qualidade e melhor relação custo-benefício.
“Como tem menos dinheiro que os clientes mais ricos, o consumidor da classe C tende a correr menos riscos na hora