Consumo, tempo e jogo
Sobre o autor: Gilles Lipovetsky
Gilles Lipovetsky nasceu em Millau, na França, no dia 24 de setembro de 1944. Formou-se em filosofia na Universidade de Grenoble, onde agora é professor de filosofia.
Teórico da hipermodernidade e autor dos livros A Era do Vazio, O Luxo Eterno, O Império do Efêmero, A Felicidade Paradoxal: ensaio sobre a sociedade do hiperconsumo, entre outros, dedica-se a estudar o universo de consumo e comportamento dos indivíduos na contemporaneidade.
Sobre a obra – A Felicidade Paradoxal: ensaio sobre a sociedade do hiperconsumo
Tentando entender a ambiguidade de uma época em que a felicidade é valor máximo, mas carrega consigo inúmeras aflições do espírito, Lipovetsky cria a tese de que, na sociedade de hiperconsumo, essa felicidade é paradoxal. De um lado, estão dadas as condições para que as aspirações individuais sejam satisfeitas pelo mercado; de outro, também estão postos os obstáculos que se contrapõem à postura hedonista do indivíduo contemporâneo. Assim, sua felicidade é uma rede complexa feita de facilidade-dificuldade. O hiperconsumidor tem acesso ao ter, mas aspira a ser; os mais diversos prazeres sensoriais estão ao seu alcance, mas é preciso preservar a saúde, evitar os excessos, fazer regime, manter a forma.
O que Lipovetsky propõe é a reavaliação da formação do indivíduo, com vistas ao fortalecimento da autonomia e da crítica, para que se possa resistir à sedução mágica da publicidade e do espetáculo.
Introdução
Ainda hoje, filósofos e sociólogos interpretam a tendência a comprar dos humanos como um vício, que se destina a compensar o tédio do trabalho fragmentado, as falhas da mobilidade social ou a infelicidade da solidão. Quanto mais um indivíduo está isolado ou frustrado, mais busca consolos nas felicidades imediatas da mercadoria, como um substituto a verdadeira vida. Mas para Lipovetsky, comprar não é mais apenas procurar esquecer os problemas