Constituição 1988
Família e poder no Brasil Império
Mariana Muaze
Mariana Muaze fala sobre a produção de seu livro
Muitos estudos foram feitos sobre a organização das famílias nos séculos passados e as mudanças nessa estrutura. Apesar disso, você conseguiu encontrar um caminho original. Como foi o processo de pesquisa e elaboração do livro?
A princípio, o tema da família sempre tinha sido um tema transversal nas minhas pesquisas. No mestrado, trabalhei com a transformação das noções de criança e infância na boa sociedade imperial durante a segunda metade do século XIX. Assim, comecei a refletir sobre que alterações o grupo familiar como um todo deveria ter sofrido nesse processo de “descoberta da infância”. Essa foi a inquietação que me levou a propor um estudo sobre a família oitocentista no doutorado. Contudo, os caminhos teórico-metodológicos que muitos estudos sobre a família e a história da família eram feitos no Brasil não me deixavam plenamente satisfeita. Não pela sua seriedade ou sofisticação, longe disso. Eles simplesmente não conseguiam aplacar a minha curiosidade sobre como os indivíduos se relacionavam no interior do grupo familiar. Quais papéis exerciam enquanto membros de uma comunidade familiar? O que os ligava em termos de sentimentalidades? Quais suas noções de privacidade e intimidade? E como as famílias se relacionavam entre si no seio da classe senhorial?
Tais questionamentos me levaram a procura de fontes de cunho privado tais como cartas, diários, livros de assento e fotografias que pudessem me auxiliar a desvelar essas sentimentalidades e as formas de viver em família compartilhadas pela elite imperial. A existência desse tipo de material de cunho mais privado em arquivos brasileiros ainda é bastante rara, o que me fez ir à procura de colecionadores e familiares que pudessem me disponibilizar tais documentos caso os tivessem. Confesso que, a “sorte” de encontrar uma vasta documentação pertencente a uma só família me fez