conquistas e conhecimentos ancestrais
Heloisa Meireles Gesteira
Os descobrimentos do século XVI, que ensejaram a montagem de impérios ultramarinos e o estabelecimento de rotas mercantis, foram responsáveis pela acumulação e divulgação de informações sobre a fauna e a flora americanas, freqüentemente diversas daquelas do Velho Mundo. O processo de colonização e conquista da América permitiu a ampliação do conhecimento que os europeus tinham sobre os produtos da natureza, possibilitou a introdução de espécies em ambiente distinto do original e a adaptação dos europeus aos trópicos. Estes considerados um lugar inóspito, de acordo com a herança de saber da antigüidade clássica.
Este conhecimento tornou-se imprescindível para garantir a permanência das novas sociedades que se constituíram a partir do processo de colonização. Controlar as informações desde as condições de navegação até as características das diversas regiões, identificando suas peculiaridades físicas e climáticas, descobrindo novas espécies da flora e da fauna, observando as doenças endêmicas e os tratamentos realizados a partir dos produtos oferecidos pela natureza, foram práticas que possibilitaram o estabelecimento das novas sociedades no continente americano, desde o início de sua ocupação pelos portugueses e espanhóis, seguidos pelos franceses, ingleses e neerlandeses. Vale sublinhar que esse conhecimento era produzido por homens com formações diversas: cosmógrafos, teólogos, filósofos naturais, médicos, negociantes e missionários.
Conhecimento da natureza e conquista da América
As práticas medicinais oferecem um campo rico para nossa análise, uma vez que o conhecimento médico caracterizava-se, entre outros aspectos, pela descoberta das virtudes terapêuticas dos produtos naturais, mesTOPOI, v. 5, n. 8, jan.-jun. 2004, pp. 71-95.
7 2 • HELOISA M EIRELES GESTEIRA
mo que em alguns momentos fossem evocados elementos sobrenaturais