conjuntura politica
A Fundação Perseu Abramo nos convidou para falar sobre as “bases para um projeto democrático e popular para o Brasil”. Em seguida, haverá outra mesa para discutir “elementos para o debate do paradigma pós-neoliberal”.
Ambos os temas podem ser abordados de duas maneiras diferentes:
a)uma discussão sobre o que pretendemos que faça um segundo mandato Lula;
b)uma discussão sobre nosso projeto estratégico, para além desta conjuntura. Esta será minha abordagem.
Vou começar tratando o tema geral deste seminário.
Fala-se em “caminhos” (no plural) para o pós-neoliberalismo (no singular). Na verdade, o “pós-neoliberalismo” também deveria estar no plural.
Para ficar claro o motivo desta afirmação, é preciso lembrar que o pós-neoliberalismo é uma visão de mundo; uma ação política orientada por esta visão de mundo; e um determinado arranjo de forças, que caracteriza atualmente o capitalismo em escala internacional.
Quais são os traços gerais deste arranjo de forças? Uma hegemonia capitalista sem precedentes na história, uma predominância do capital financeiro, uma alteração no papel do Estado, a hegemonia norte-americana e uma instabilidade profunda em escala global
O que seria, então, o pós-neoliberalismo?
No sentido fraco, seria o abandono do radicalismo ideológico que caracterizou inicialmente a ofensiva neoliberal, em prol de alternativas mediadas (como a terceira via, a centro-esquerda etc.).
No sentido forte, seria um novo arranjo de forças (interno e/ou em escala mundial). Este novo arranjo pode se dar nos marcos do capitalismo, pode ser dar superando o capitalismo ou pode conduzir à destruição da humanidade.
Portanto, não existe um, mas vários paradigmas pós-neoliberais. Ou ainda, só faz sentido falar em pós-neoliberalismo, para fazer referência a um período histórico de transição.
Este mesmo raciocínio pode ser aplicado ao discutirmos as “bases para um projeto democrático e popular”.