Conjunto Habitacional Heliopolis
A obra em Heliópolis é motivo de orgulho entre os arquitetos do Biselli Katchborian. "Mais que um projeto, isso é uma tese", afirma Mario Biselli. "Sempre achei muito estranho esse negócio de recuo", conta. Para o arquiteto, as grandes cidades do mundo são aquelas que têm seus quarteirões densamente edificados no perímetro, deixando livres os miolos de quadra: para exemplificar, cita a Barcelona de Ildefons Cerdà e as cidades italianas.
Convencidos da importância de contribuir com a visão de outro modelo urbano, os arquitetos do Biselli Katchborian tiveram uma conversa preliminar com os profissionais da Secretaria de Habitação, quando convidados para desenvolver o projeto deste conjunto em Heliópolis: "sugerimos fazer um prédio com quadra europeia e o pessoal entendeu". E topou.
O projeto resultante é um conjunto de oito lâminas que, juntas, conformam dois pátios internos de uso comum - por ora, apenas metade da obra foi executada. A exploração máxima do coeficiente de aproveitamento do terreno deu origem a volumes de sete e oito andares, onde a circulação vertical é sempre feita por escadas.
A lei diz que é possível construir de modo a subir ou descer até no máximo 12 m sem elevador. Para respeitar essa relação, e aproveitando o desnível do terreno, os arquitetos criaram acessos no terceiro e no quarto andares, estipulando aí as cotas de acesso principais, e lançaram passarelas metálicas conectando as diferentes lâminas. Essa, aliás, é uma estratégia comumente utilizada em conjuntos habitacionais de interesse social, já que o elevador gera gastos não só com a instalação, mas, principalmente, com a manutenção - uma despesa indesejável em um contexto onde a renda familiar dos moradores orbita entre zero e três salários mínimos. Também de olho nos custos, a Secretaria de Habitação determinou que a construção fosse feita com blocos de alvenaria estrutural.
As travessias, em treliças metálicas, apoiam-se em