Conformismo e resistencia
O conceito de cultura para Marilena Chauí diverge de como a cultura era compreendida na ótica iluminista. No o Iluminismo, a cultura é uma forma de avaliar o quanto uma sociedade é civilizada. Desta forma a cultura passa a ser percebida como um conjunto de práticas artísticas, científicas, filosóficas, etc., que permitem a existência de uma hierarquização dos valores de cada indivíduo ou classe na sociedade. Assim a cultura passa a ser associada ao progresso: “avalia-se o progresso de uma civilização pela sua cultura e avalia-se a cultura pelo progresso que traz a uma civilização”. (CHAUI, 2006, p.130). O modelo que servia como referência aos iluministas era o da cultura capitalista da Europa Ocidental. Este parâmetro era utilizado como forma de “avaliação e hierarquização dos regimes políticos e classes sociais, legitimando os processos de dominação e exploração.” (CHAUI, 2008, P. 53).
Tratando das concepções de cultura nas obras de Chauí, é possível compreendê-la como algo próprio do ser humano, é como o conjunto de atividades e costumes humanos que tem ligação com o meio em que ele vive. Nas palavras da autora:
“Em sentido amplo, Cultura é o campo simbólico e material das atividades humanas [...] Em sentido restrito, isto é, articulada à divisão social do trabalho, tende a identificar-se como pose de conhecimentos, habilidades e gostos específicos, com privilégios de classe, e leva à distinção entre cultos e incultos de onde partirá a diferença entre cultura letrada-erudita e cultura popular.” (CHAUI, 1996, P.14)
Abordando a cultura popular, Chauí ressalta as diferenças culturais, a importância de perceber a pluralidade cultural de cada sociedade, e o quanto os “dominados” vivem em constante e dinâmica interação com a estrutura social e a cultura dominante e não