CONFLITUALIDADE E MOVIMENTOS SOCIAIS
Conflitualidade e movimentos sociais
As sociedades humanas são constituídas por um tecido social descontínuo.
Factores de natureza individual e colectiva estão na base desta descontinuidade.
Diferentes são os projectos pessoais e diversas as capacidades e possibilidades da sua realização. Nem todos dispõem de idênticas oportunidades e dos meios adequados. A vida humana é feita de muitas contingências, numa infinidade de acasos, contingências que originam formações diversificadas.
No seu processo de produção, o tecido social resulta do grau de realização daqueles projectos. A sociedade vai-se configurando sob a forma de espaços sociais justapostos, tendendo a limitar-se a sua inter-relação. Mais ou menos fechados, não fazem mais depois do que reproduzir-se na história. Se, na sua formação, a realidade social conta com a energia de alguns indivíduos ou grupos, na sua reprodução apoia-se sobretudo na lógica dos sistemas constituídos.
A lógica desta reprodução oferece as variáveis contextuais condicionantes dos diversos projectos individuais e de grupo.
A coexistência de projectos e de quadros condicionantes, que apoiam ou contrariam os possíveis trajectos, é potenciadora de tensões e de conflitos.
A trama social desenvolve-se dentro destas coordenadas. São elas que nos fornecem a explicação, quer da emergência da conflitualidade, quer do aparecimento de eventuais movimentos sociais. É esta complexa questão que nos propomos, de seguida, analisar e demonstrar.
1. Uma constante procura do equilíbrio e da mudança, da ordem e da desordem, da coesão e do conflito, atravessa as diversas sociedades. Por detrás da ordem existe sempre a violência, assim como ao consenso subjaz a repressão.
Aquela busca deriva da tensão dialéctica entre os desejos de liberdade e os de segurança. Situações há em que os indivíduos lutam por um ou mais por outro destes objectivos. Eles