Conflitos ma Africa
Por Africanidade Publicado 10/04/2008 Coluna de opinião Votações:
Estudo
Guerras tribais, genocídios, diversidade étnica. Essas são algumas das ideias que vêm à cabeça quando se pensa nos conflitos do continente africano. Mas, ao se considerar apenas o factor étnico como causa, perde-se a chance de compreender cada conflito, considerando múltiplos factores. "Muitas podem ser as causas determinantes e, mesmo que existam algumas que são comuns à maior parte dos conflitos, sempre há especificidades", ressalta Pio Penna Filho, historiador e professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMG).
Em conflitos como o de Ruanda, por exemplo, prevalecem factores étnicos. No Sudão, factores religiosos. No caso recente do Quénia, questões políticas e de poder assumiram maior importância. "Cada conflito deve ser estudado nas suas características próprias, inclusive, analisados em perspectiva histórica, para que possamos melhor compreendê-los. Não acredito em generalizações, ainda mais quando se trata de um continente tão amplo e diversificado em termos culturais como o africano", diz o historiador.
A escassez de recursos, associada ao aumento da demanda por parte de uma população pobre e, em muitos casos, miserável, são elementos que pesquisadores consideram relevantes para pensar nos conflitos africanos. A incapacidade dos governos atenderem essas demandas provoca, por vezes, uma reacção violenta por parte de sectores sociais que se sentem abandonados pelo Estado. O prolongamento dos conflitos nos Estados, também tem sido associado à possibilidade dos grupos rebeldes se “auto-financiarem”, como foi o caso de Serra Leoa e Angola (nos quais os rebeldes controlavam minas de diamantes). “Vale lembrar também que durante a década de 1990, a mais violenta para a África no período pós-independência, havia muito armamento disponível no mercado internacional e a preços relativamente baixos e quase sem nenhum controle