Conferências pedagógicas
AS CONFERÊNCIAS PEDAGÓGICAS DOS PROFESSORES PRIMÁRIOS DO MUNICÍPIO DA CORTE:
PERMUTA DAS LUZES E IDÉIAS (1873-1886?) i
MARIA HELENA CAMARA BASTOS
PPGEDU/PUCRS
INTRODUÇÃO a conferência é o mais frutuoso e natural exercício do espírito. (...) O estudo dos livros é um movimento lânguido e fraco, que não entusiasma: enquanto a conferência ensina e exercita simultaneamente. Ao conferenciar com uma alma forte e um vigoroso adversário as minhas linhas de defesa são atacadas pela esquerda e pela direita; a sua imaginação impulsiona a minha; o ciúme, a glória, a controvérsia impulsionam-me e fazem-me ultrapassar a mim próprio. (Montaigne, s/d, p.372-373)
Já no século XVI, Montaigne destacava o papel educativo e formativo de uma conferência, como espaço de permuta das luzes e idéias. No século XIX, as conferências disseminam-se como uma estratégia de educação e de vulgarização do conhecimento. Caracterizam-se pela reunião de pessoas interessadas em ouvir e/ou discutir temas da atualidade. Integram-nas professores ou outros intelectuais, figuras proeminentes. Estão intimamente vinculadas com a exigência de formação dos professores primários, a disseminação das escolas normais, a constituição de um sistema de instrução pública em vários países, a ampliação do mercado editorial, especialmente no campo educativo, e com o estímulo às bibliotecas e as bibliotecas pedagógicas. Podemos considerar as conferências como uma modernização intelectual que procurava corresponder às mudanças sócio-econômicas.
As conferências pedagógicas ou de professores objetivavam discutir sobre diversas questões vinculadas à profissão, isto é, à educação e ao ensino. Tinham uma perspectiva de atualização, de continuação dos estudos depois da formação, e de vulgarização e aperfeiçoamento dos métodos de ensino. Campagne (1886, p.496) as define como
“reuniões de professores, com o fim de discutirem as diversas questões