Condorcet- algumas considerações
No final do século XVIII muitos projetos que abordavam a instrução nacional foram escritos. Dentre eles podemos destacar o “projeto Condorcet [...] e, também, o projeto Lepelletier” (ROSA, 2011, p. 215). E será sobre o primeiro que iremos discutir nesse trabalho. Exatamente no ano de 1792 “Condorcet apresenta à Assembleia seu projeto de decreto para a organização do sistema francês de instrução pública” (SOUZA, 2008, p.08).
Alguns aspectos do referido projeto serão pontuados com um pouco mais de intensidade. São eles: os motivos que levaram Condorcet a criticar o modelo de educação atual, baseado nos preceitos da Igreja; a sua proposta de instrução universal laica, gratuita e obrigatória; os motivos de o autor propor a educação como remédio para a estupidez resultante de algumas atividades sociais; e por fim, as funções educacionais atribuídas às mulheres. Lembrando que as discussões não aparecerão necessariamente nessa ordem.
Neste primeiro momento vamos debater acerca do caráter religioso que estava posto na educação. Condorcet defendia a ideia de que a instrução pública deveria ser “ [...] inteiramente independente dos poderes religiosos, mas também dos poderes públicos [...]”. O autor entende que a instrução deve ser independente das religiões e dos poderes políticos, pois essas “instituições” poderiam fazer com que houvesse um “obscurantismo” da razão. Mesmo sendo o Estado o “financiador” do ensino, este não deveria interferir nos conteúdos, para que a educação não se tornasse “propaganda política”. (SOUZA, 2008, p. 11). Assim, o objetivo central era não permitir uma submissão intelectual. A discussão acima pode ser observada no seguinte excerto:
[...] para Condorcet, o processo de produção e de difusão de conhecimentos, desde a escola elementar até as sociedades científicas, precisa ser independente de qualquer interferência externa de natureza religiosa, política