conclusão geral do ECA
A perspectiva central a ser recuperada a partir deste diagnóstico é que o processo de implantação de uma política social para a criança e o adolescente imbrica-se nas ambigüidades, contradições e especificidades da relação entre os Estados e os setores sociais marcados pela exclusão.
E deriva diretamente da primazia alcançada entre os investimentos estatais, por aqueles vinculados principalmente à reprodução do capital privado e que, historicamente, vem provocando uma enorme defasagem ao se considerarem as condições de reprodução da força de trabalho e os níveis de apropriação dos serviços essenciais.
O modelo de implementação de políticas sociais a partir do Estado, adotado pelas democracias liberais do Primeiro Mundo, a partir principalmente do início deste século, supões que essas políticas se constituam em medidas compensatórias para remediar situações graves derivadas da deterioração das relações que atingem a reprodução da força de trabalho. Nos regimes autoritários, os aspectos compensatórios e integradores referentes à força de trabalho cedeu ainda maior espaço para os aspectos diretamente vinculados à reprodução e valorização do capital.
O Estado tornou-se interlocutor (e muitas vezes indutor) das demandas sociais dos emergentes movimentos reinvindicatórios e gestor das políticas que regulam a dinâmica geral da sociedade, dividido, portanto, entre as tarefas e exigências dificilmente conciliáveis.
O Estado brasileiro aparece, então, como alvo e unificador dos movimentos reinvindicatórios, coloca-se como filtro das demandas sociais, assumindo uma perspectiva de revisão e redefinição do espaço de cidadania, de mitigação das lutas sociais, ao mesmo tempo em que, crescentemente, se capacita para absorver novas demandas.
Convém lembrar que essa, tradicionalmente, tem sido a relação do Estado (e aí se consideram as suas diferentes esferas) com setores sociais marcados pela exclusão: alvo e unificador de movimentos reinvindicatórios que no