Conceitos da Psicanálise
As diferentes traduções levaram termos como pulsão e instinto a serem frequentemente confundidos, tornando importante sua diferenciação. Freud define instinto como sendo um comportamento animal previamente formado a partir de uma hereditariedade, aparecendo de forma quase idêntica em todas as espécies. Ao termo pulsão, Freud atribui à ideia de um impulso, livre de objetivos estabelecidos a priori. (ROUDINESCO; PLON, 1998) Para Freud (1915) a pulsão tem como característica exercer pressão, que compreende seu fator motor, sua quantidade de força ou seu dispêndio de energia. Além disto, a finalidade de uma pulsão é sempre ser satisfeita, podendo haver diferentes e tortuosos caminhos para sua finalidade, compreendendo que há pulsões que são inibidas em sua finalidade geral, com finalidades intermediárias, porém, há um nível de satisfação neste processo.
É através de um objeto, ou em relação a ele, que a pulsão atingiria sua finalidade. O objeto não é único, não é necessariamente algo externo à pessoa, nem é fixo: entende-se o objeto da pulsão como o que há de mais variado nela. Originalmente, não está ligado à pulsão, sendo apenas adequado para tornar possível a satisfação (FREUD, 1915). A pulsão nunca se torna objeto da consciência, até mesmo no inconsciente esta é representada por uma ideia (uma realidade psíquica por oposição a algo que não é psíquico) ou afeto (expressão qualitativa da quantidade de energia pulsional.). Diferenciando, assim, pulsão de representante da pulsão (GARCIA-ROZA, 2009).
Num primeiro momento, Freud distingue as pulsões em dois grupos: pulsões do Eu (autopreservativas) e pulsões sexuais. Estes dois grupos diferenciam-se à medida que as pulsões do Eu se satisfazem apenas com objetos reais, agem sob o principio de realidade; enquanto que as pulsões sexuais podem satisfazer-se com objetos simbólicos, agindo sob o principio de prazer. Ao falar sobre as vicissitudes das pulsões, Freud se refere às pulsões sexuais (GARCIA-ROZA,