CONCEITOS E TEORIAS DA PSICANÁLISE
Kohut e Seitz
Conceitos e Teorias da Psicanálise1
Relação entre Método e Teoria
A Psicanálise começou com o famoso caso da Srta. Anna O. que insistia em que seu médico, o clínico vienense Josef Breuer, ouvisse o que ela tinha a dizer. Freud percebeu a utilidade potencial desta nova abordagem ao tratamento e baseou seu próprio método na invenção de Anna O. – a “limpeza da chaminé”, conforme ela chamava as conversas com o Dr. Breuer.
Portanto, a Psicanálise começou numa situação terapêutica. Desde o principio, caracterizou-se por um método específico de observação do comportamento humano (isto é, o médico ouve a expressão verbal do curso do pensamento do paciente e tenta compreender empaticamente aquilo que o paciente deseja comunicar acerca de seu estado psíquico) e por uma maneira específica de formação de teoria (isto é, o médico tenta por ordem nos dados que obteve acerca da vida interior de seu paciente). A ciência da Psicanálise desenvolveu-se muito além das limitações da situação terapêutica. O fato de que seu principal método de observação tenha sido descoberto numa relação terapêutica e de que sua utilidade maior ainda esteja na sua aplicação terapêutica, têm importância para algumas das riquezas específicas, bem como para algumas das dificuldades características do método e da teoria psicanalíticos. Não pode haver dúvidas quanto a que, apesar da influência limitadora de seu íntimo relacionamento com os objetivos da terapia, a Psicanálise tornou-se bem mais do que uma teoria da psicopatologia: a continuidade que a Psicanálise postula entre a doença e a saúde fez dela mesma uma teoria geral da personalidade.
A Psicanálise é uma ciência baseada predominantemente num método de observação clínica. Interpreta dados empíricos e assim seu ponto de partida é sempre a observação do comportamento e a observação da pessoa: das coisas que a pessoa