Conceito de verdade
“(...)O CONCEITO DE VERDADE «A verdade tem sido sempre postulada como essência, como
Deus, como instância suprema... Mas a vontade de verdade tem necessidade de uma crítica. -
Defina-se assim a nossa tarefa - é necessário tentar de uma vez por todas pôr em questão o valor da verdade». É por isso que Kant é o último dos filósofos clássicos: nunca põe em questão o valor da verdade, nem as razões para a nossa submissão ao verdadeiro. Sob este ponto de vista, é tão dogmático como qualquer outro. Nem ele nem os outros perguntaram: Quem procura a verdade? Quer dizer: o que é que quer aquele que procura a verdade? Qual é o seu tipo, a sua vontade de poder? Tentemos compreender a natureza desta insuficiência da filosofia. Sabe-se que o homem, de facto, raramente procura a verdade: os nossos interesses assim como a nossa estupidez separam-nos do verdadeiro mais ainda do que os nossos erros. Mas os filósofos pretendem que o pensamento enquanto pensamento procura o verdadeiro, que «por direito» ama o verdadeiro. Ao estabelecer um laço de direito entre o pensamento e a verdade, ao relacionar assim a vontade de um puro pensador com a verdade, a filosofia evita relacionar a verdade com uma vontade concreta que seria a sua, (...) Nietzsche aceita o problema no terreno em que ele é colocado: não se trata para ele de pôr em dúvida a vontade de verdade, não se trata de lembrar mais uma vez que os homens, de facto, não amam a verdade. Nietzsche procura o que é que a verdade significa como conceito, quais forças e que vontade qualificadas este conceito pressupõe por direito.(...) O que é que em nós quer a verdade? (...) O conceito de verdade qualifica um mundo como verídico. Mesmo na ciência a verdade dos fenómenos forma um «mundo» distinto daquele dos fenómenos. Ora, um mundo verídico supõe um homem verídico ao qual reenvia como ao seu centro. -Quem é este homem verídico, o que é que ele quer? (...) hipótese: quer não ser