Compreensão da filosofia
(Trad. Ho Yeh Chia e L. Jean Lauand)
A filosofia, como tipo de raciocínio, não apresenta uma complicação especial. Ante a considerável simplicidade do pensamento filosófico - que, em princípio, é acessível a qualquer pessoa normal, contanto que não o mascare com uma terminologia abstrusa e absolutamente desnecessária -, outras disciplinas, como por exemplo a matemática, têm maiores dificuldades.
Contudo, tem-se por evidente - e de certo modo é verdade -, que as pessoas muito jovens não entendem a filosofia. Uma justificativa para esse fato é que a filosofia consiste em fazer as perguntas "radicais", aquelas que afetam à própria realidade e que constituem condição para toda verdadeira compreensão. Pessoas muito jovens podem entender o raciocínio filosófico - que é mais simples do que o que usam em álgebra ou em geometria -, mas não o sentido das perguntas, isto é, aquilo "do que se trata". A primeira coisa a entender é por que são necessárias certas perguntas.
Por isso, a única maneira para, em idade jovem, compreender a filosofia, é contemplá-la em sua história: por que alguns homens, em determinadas circunstâncias, para poder viver, para saber a quê ater-se, para serem o que pretendiam ser, tiveram que se propor certas perguntas. E, assim, vê-se com total clareza que aquela tarefa tinha sentido, que aquelas perguntas eram necessárias, e que as respostas "tinham razão".
Se se continua pensando - e tendo em conta que as circunstâncias do mundo vão mudando -, descobre-se que aquela razão não era "suficiente", que não era inteiramente satisfatória, que era necessário algo mais: e deparamos com uma nova formulação das perguntas e com a necessidade de encontrar outras respostas, que parecem mais justas e verdadeiras, mais compreensíveis.
E assim sucessivamente. As perguntas vão sendo refinadas, vão se fazendo mais justificadas, imperiosas e profundas. As respostas, aquilo que chamamos de "as diversas filosofias", vão respondendo a essas