Componentes do teatro
O Ator
Sua capacidade de tornar-se o que não é, de tomar um mundo criado pelo escritor para levá-lo ao seu acabamento, fez que o ator conhecesse grande número de vicissitudes desde os princípios do teatro. Parece, pelo menos na tradição ocidental, que durante muito tempo ele se tenha definido pela voz, tendo-se desenvolvido a expressão corporal sobretudo nas formas "inferiores", como a farsa. Assim, a representação teatral tornou-se uma espécie de oratório fundado inteiramente sob uma dicção musical. Mas isso é neglicenciar o fator mais misterioso do jogo teatral: a "presença", esse "contato" que faz com que a ação dramática se imponha totalmente, que o espectador se esqueça como tal; isso também é esquecer a definição de Aristóteles, segundo a qual o teatro é uma limitação da realidade, que "apresenta todas as personagens como agentes".
Todavia, com o advento do encenador, o ator tendeu a integra-se numa equipe. A não lhe concedeu qualquer iniciativa pessoal. Para Antoine, "o ideal do ator deve ser tornar-se um teclado, um instrumento maravilhosamente afinado, com o qual o autor tocará à sua vontade." Desde então, pode ser total ou parcial a transformação dos limites sobre os quais Diderot se tinha inclinado desde 1773 em seu Paradoxo Sobre o Comediante. Para ele, os termos ator e comediante designavam dois temperamentos opostos: o comediante, caracterizando-se pelo mimetismo, seria capaz de interpretar as personagens mais diversas, enquanto o ator só poderia, por natureza, interpretar um único tipo de personagem; o comediante seria um ser fleumático, frio, compondo metódica e minuciosamente sua interpretação e não cessando de controlar seus efeitos, enquanto o ator viveria intensamente, pessoalmente, as paixões de sua personagem; de onde ao mesmo tempo seu poder expressivo e os limites deseus registro. Mais próximo de nós, Jouvet sublinha essa distinção: "O ator é um comediante sem pudor". Mas a este "exibicionismo" ( o