complicações neurologicas
VÍRUS DO SARAMPO
CARMEM LÚCIA PENTEADO LANCELLOTTI1
SÉRGIO ROSEMBERG2
São bem conhecidas as complicações neurológicas que ocorrem no curso do sarampo. Representam uma séria preocupação, principalmente em países nos quais a incidência da doença ainda é alta.
Aponta-se o vírus do sarampo como responsável por três entidades anátomo-clínicas distintas: a encefalite perivenosa, a pan-encefalite esclerosante subaguda e a encefalite aguda tipo retardado. Recentes estudos tendem a implicar esse paramixovírus também na patogenia da esclerose múltipla.
A encefalite perivenosa, ou simplesmente encefalite, ou encefalomielite do sarampo, é a forma mais comum e melhor conhecida do comprometimento neurológico do sarampo. Parece ter sido descrita, primeiramente por Lucas, em 1790. Seguiramse outras referências esporádicas como as de Abercrombie em 1845 e de Henoch em 1892. Todavia, só a partir da publicação de Neal & Appelbaum é que a encefalite perivenosa passou a ser reconhecida como uma entidade clínica.
Ford 7 reviu os 113 casos publicados até 1928, acrescentou doze de suas análises e classificou as manifestações neurológicas no sarampo. Posteriormente publicaram-se várias outras série de casos 3- n e 19 nas quais seus autores descreveram os sintomas e sinais neurológicos, predominando inicialmente aqueles de um quadro encefalítico.
Clinicamente, o início dessas manifestações neurológicas ocorre, em geral, entre o segundo e o sexto
Departamento de Patologia da Santa Casa e da Faculdade de Medicina da
Santa Casa de São Paulo. Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
1 Médica Assistente, Anatomia Patológica — Fac. Med. Santa Casa — SP
2 Médico Assistente, Disciplina de Neuropatologia— FMUSP
Aceito para publicação em 09 de setembro de 1963.
dia após o aparecimento do exantema 27 e se caracterizam por distúrbios de consciência, convulsões e sinais neurológicos focais,